quarta-feira, 14 de março de 2012

As cenas nos pasquins

À entrada do meu local de trabalho há um ponto de distribuição dessa grande instituição que é o Metro (o jornal, não o sistema de transporte público - até porque não percebo porque é que alguém haveria de estar a distribuir carruagens de metro à porta do meu local de trabalho, mas adiante).
Peguei num, porque precisava de literatura de casa de banho mais elaborada que "Carlos é panilas lol" e "Quero chupar homem macho 9xxxxxxxx", quando reparo na manchete (que pode ser lida aqui):

"Gota 'low cost' contra aumentos".

"Que giro", pensei para mim mesmo, porque sou um ouvinte muito atencioso, "os tratamentos para a grave doença da gota vão passar a ser mais em conta".

Só depois de ler a notícia é que percebi que estavam a falar de gasolina.

"Que giro", pensei para mim mesmo novamente, continuando a ouvir-me com muita atenção e até com uma certa empatia, "depois de terem a Popota como diretora por um dia, agora convidaram o Joca Fanã do Montijo".

Infelizmente, tal não estava mencionado em lado nenhum no jornal. O diretor é um senhor que dá pelo nome de Diogo Torgal Ferreira.
Pelo que espero por novas manchetes deste calibre. Aqui vão algumas sugestões para os senhores do Metro (as notícias são inteiramente fictícias, mas totalmente plausíveis):
"Boazona da TVI catada a snifar branca"
"Careca da Economia baza do governo"
"Morfes vão passar a custar uma perna e um braço"
"Aconteceu uma cena que tipo... yah, man, tá-se bem"

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Bah II

A Moody's hoje mandou o rating da nossa dívida externa para Ba2. "Bah" é um excelente termo para a reacção que estas notícias me provocam. "Bah" porque aparece uma nova de quinze em quinze dias, "Bah" porque isso não quer dizer nada e estes são os mesmos senhores que um dia antes do Lehman Brothers ter falido dava-lhes Aaa.
"Aaaah!", exclamam agora os leitores mais desatentos, "A sério?". "Aaa sério", respondo eu e páro com os trocadilhos parvos.

Agora a sério: se vocês tivessem a possibilidade de fazerem o que quisessem sabendo que o mundo inteiro ia responder ao que fizessem como se fosse a verdade absoluta, vocês não aproveitariam para se divertir um bocado? Eu dava ABC à dívida externa do Quirguizistão e 0Rh- à do Burkina Faso. "Mas, ó Bogas," reparam vocês, inebriados, "esses ratings nem sequer existem". Pois não, e por isso é que seria mais divertido.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O teu pai deve ser pedreiro

Sucede que estão a fazer obras no prédio ao lado do meu. Sucede também que sou trabalhador noturno. Isto quer dizer que, logo pela fresca e depois de ter dormido a razoável cifra (se se for o Professor Marcelo) de três ou quatro horas, tenho indivíduos a martelar pedra a menos de dez metros dos meus ouvidos. Ora, isto é coisa para agastar uma pessoa,
Especialmente porque, e isto foi algo que eu nunca entendi, após as onze e meia da manhã, é o silêncio mais absoluto. Lembro-me de ter vivido uma situação semelhante nos tempos idos da minha meninice (2004) mas aí eram ainda mais radicais, porque ligavam o martelo pneumático às 8.30 em ponto todos os dias. Na altura não era trabalhador noturno, mas era estudante universitário, o que vai dar no mesmo.
Será que houve uma reunião de trolhas um dia e eles resolveram "É pá, o que era mesmo fixe era nós sermos despertadores não oficiais do mundo. Assim só tínhamos que trabalhar de manhã e à tarde podíamos beber minis e trabalhar nas nossas composições poéticas. As pessoas ficavam-nos agradecidas porque não se atrasavam para o trabalho e toda a gente ganha".
O que é claramente raciocínio de trolha, porque a) ninguém fica agradecido por ser mandado para o trabalho a tempo. Isso é como um recluso agradecer aos guardas prisionais por não o deixarem escapar da cadeia antes de cumprir a sentença; b) EXISTEM PESSOAS QUE NÃO VÃO TRABALHAR ÀS NOVE DA MANHÃ, MINHAS BESTAS! DEIXEM-ME DORMIR!

(E se se estão a perguntar: "composições poéticas? Os trolhas?", permitam-me que responda com o seguinte exemplo:
"Oh, estrela, queres cometa?"

Se isto não é poesia, não sei o que será.)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Rei de Pau

Foi ontem anunciado o Manifesto "Instaurar a democracia, restaurar a monarquia" (pode ser lido aqui:   http://estadosentido.blogs.sapo.pt/1912704.html). No comunicado, assinado pelo impressionante número de 18 pessoas, lê-se que "a democracia está ausente" em Portugal e que para assegurar isso, é necessário um chefe de Estado "eleito pela História" - um rei e, nomeadamente, Dom Duarte Pio.

Primeiro - Eu bem me parecia que aquela coisa que eu faço de vez em quando que envolve meter uma cruz num papelinho numa cabina era só uma alucinação induzida pelo consumo excessivo de certos fungos. Se não fosse a clarividência destas pessoas não sei o que seria de mim.

Segundo - Eu assinava uma declaração destas em que quisessem restaurar a democracia para mim. Infelizmente, parece que o Manifesto só quer restaurar a democracia para a História, uma vez que na única menção a alguém eleger alguém, é esta a eleger o chefe de Estado. Uma democracia em que só há um votante para chefe de Estado parece-me... como hei-de dizer...? Esquisita.

Terceiro - É o Dom Duarte Pio. Não, a sério, pensem no que estão a defender, é o Dom Duarte Pio. Se é para termos um tipo manso que não faz mal a ninguém e que gagueja e se enterra de cada vez que fala, já lá temos o Cavaco. E se é por causa do bigode, pede-se já ao Aníbal para deixar crescer um (até porque ele não tem dinheiro para a lâmina de barbear nem para a espuma).

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Eu por acaso até sou bom com matemática

http://economico.sapo.pt/noticias/krugman-defende-corte-de-20-nos-salarios-da-periferia_137001.html

Então, mas... Se eu trabalhar no setor público e ganhasse €1000/mês há dois anos, ou seja €14.000/ano, agora tive o salário cortado em 5%, portanto passei a ganhar €950 e, este ano cortaram-me dois subsídios (Natal e férias) pelo que agora ganho 12 x €950 = €11400, uma diferença de €2600/ano.

€2600 / €14000 = 18,5 %

Menos €210 / ano ou €17,5 por mês (1,5%) e estamos no ponto.

Vai correr tudo bem, somos um milagre económico...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Apocalypse New

(aka "Não estás preocupado com o que vai acontecer a 21 de Dezembro deste ano e os Maias e isso tudo?", "Não")

Prever o fim do mundo é capaz de ser a previsão mais deprimente que existe. É o sinal de uma pessoa que ou a) está tão sozinha e carente de atenção que precisa de prever o fim do mundo para que alguém ligue ao que ela diz; b) está tão falida que precisa de espalhar o pânico para depois vender livros a explicar as causas do "fenómeno" (meti entre aspas para não dizer "aldrabice"), assim como kits de sobrevivência e meia dúzia de palestras ou c) é louca.

Porque, se analisarmos a coisa a fundo, prever o fim do mundo não faz sentido nenhum (o que não impedirá os  abrangidos pela opção c)). Se estiverem corretos, ninguém lhes vai dar os parabéns por estarem corretos porque estaremos todos demasiado preocupados com o mundo a acabar. Nunca vi o mundo a acabar, mas parece-me coisa para encher a agenda de uma pessoa. Se não estiverem, fazem figura de tolos - o que, já agora, foi o destino de basicamente toda a gente até hoje que previu o fim do mundo.

Por isso é que não percebo porque é que se continua a insistir. Há um senhor chamado Harold Camping que anda a prever o fim do mundo há vinte anos. A sério? E não me comecem a falar dos Maias.
É um romance aborrecidíssimo que só li porque fazia parte do programa de Português no secundário. O quê? Não são esses Maias? A profecia não é que o Eça volta à Terra e mata toda a gente de aborrecimento a ler o romance em voz alta? Ai, não? Então vou ter que me informar melhor. Voltarei ao tema.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Limpezas

A empresa que faz as limpezas no meu local de trabalho chama-se iberlim (assim mesmo, sem maiúsculas). Há uns dias cheguei à conclusão que o nome vem de "iber" (ibérico) + "lim" (limpezas).

É que durante muito tempo pensei que tinham gamado o nome a uma aplicação de iPhone com dicas turísticas sobre a capital da Alemanha.